No dia 26 de Setembro de 2013, o Grupo de Estudo da Matemática (G.E.Ma) realizou na Universidade Estadual do Ceará (UECE) a entrevista com a professora doutora Ana Carolina Costa Pereira. Atualmente, a referida leciona Prática de Ensino I, Estágio supervisionado para Ensino Médio, TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e PTCC (Projeto do Trabalho de Conclusão de Curso), Prática de Ensino de Matemática (grade antiga) no curso de Licenciatura Plena em Matemática.
Em 1998 entrou para o curso de Licenciatura Plena em Matemática da Universidade Estadual do Ceará (UECE), três anos depois graduou-se e começou sua carreira docente no Colégio Liceu do Ceará e também como professora substituta da UECE na FAFIDAM. Paralelamente a isso iniciou sua especialização em Ensino de Matemática na mesma instituição de ensino superior. Nos meses finais de sua especialização fez seleção para o mestrado na UNESP Rio Claro em São Paulo, onde ingressou em 2003. Em 2005 ingressou no curso de doutorado da UFRN no Rio Grande do Norte onde permaneceu por quatro anos, sendo que dois destes manteve-se como professora substituta de Limoeiro do Norte/CE FAFIDAM. Em 2010 volta à UECE, em Fortaleza, como professora substituta e permaneceu até 2013.
Atualmente Ana Carolina Costa Pereira é professora efetiva do curso de Matemática da Universidade Estadual do Ceará, também é coordenadora de Estágio dos cursos de Matemática presencial e a distância da UECE; coordenadora de gestão do Núcleo de Estágio Curricular e Atividades complementares da Pró-reitoria de Graduação (PROGRAD); Coordenadora do Projeto de Extensão, Coordenadora do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI); Orientadora do Grupo de Ensino em História da Matemática e Ensino, grupo aberto a interessados em participar e que tem apoio da coordenação do curso.
É professora convidada do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, nível de mestrado Acadêmico do IFCE com turma iniciando provavelmente em 2014.1 que provavelmente com 3 alunos com sua orientação .
Também visa em 2014 dar início ao pós-doutorado na UFRN/Portugal em História da Matemática dando ênfase em trigonometria esférica.
Entrevista
G.E.Ma: Faça um paralelo sobre o curso de Matemática sobre a perspectiva de aluna e professora, já que a senhora teve esta oportunidade.
Carolina: O curso de Matemática em si já teve muita mudança. Não tínhamos tantas oportunidades como, vocês alunos, atualmente, têm. Temos como exemplos disso o próprio Programa de Licenciaturas Internacionais que manda alunos para Portugal para fazer dois anos de licenciatura. O ciência sem fronteiras também, que já levou alunos de matemática que estão estudando nos Estados Unidos fazendo esse intercâmbio. Além de tudo isso, existem as bolsas de pesquisa que alguns professores vêm disponibilizando para esses alunos iniciar pesquisas, tendo em vista que a maioria dos alunos inicia a fazer pesquisa quando chegam a um curso de mestrado ou doutorado. Então, a grande diferença entre as oportunidades quando eu era aluna e agora está nestes programas e na quantidade de bolsas que está sendo disponibilizada aos alunos. Também isso não vai significar que na minha época não teve oportunidade. A diferença é que antes nós, como alunos, tínhamos que buscar essas oportunidades e, hoje está ao contrário, as vezes é o professor que busca por alunos para iniciar uma pesquisa. Outro motivo também é o próprio acesso à informação. Hoje com o desenvolvimento da tecnologia a comunicação está muito mais rápida; eu publico algo sobre determinado curso no Facebook daqui a dois minutos já tem várias pessoas perguntando, pedindo informação sobre notícia. Então o próprio sistema de comunicação facilita também pra que essas oportunidades cheguem ao aluno.
G.E.Ma: Você já coordenou as três edições da Semana de Educação e Pesquisa Matemática (SEPMAT). Quais são os pontos que mais chamaram sua atenção? O fato da baixa quantidade de participantes do próprio curso da UECE já foi notado anteriormente pela organização? Se sim, que ações tomar para trazer os alunos junto a esse evento?
Carolina: Os pontos que mais me chamaram a atenção estão bem relacionados aos alunos. O evento é para o aluno. E quem faz é o aluno. Atuo como coordenadora, mas todo o processo, desde colocar os cartazes, fazer o site, coletar os trabalhos, camisas, folder, tudo isso quem faz são os alunos que estão na organização, então acho que o ponto principal é esse.
Quanto a quantidade de pessoas no evento, acredito que ainda está muito na cultura da universidade e do próprio curso. Esse tipo de evento também está relacionado com a formação inicial do professor. O curso não está relacionado somente com as disciplinas que os alunos cursam durante o semestre mas todas as atividades que os alunos realizam durante o curso. Uma forma de tentar trazer mais alunos é começar por essa conscientização. E isso é uma conscientização que tem que ser trabalhada tanto nos professores que estão na sala de aula com esses alunos e os próprios alunos.
O nosso departamento precisa estimular que esses alunos possam participar, e que é importante na formação deles.
G.E.Ma: Agora você está na vice-presidência da Sociedade Brasileira de Educação Matemática do Ceará (SBEM-CE), há alguma ação voltada para o curso de licenciatura da UECE? Quais os principais focos da gestão?
Carolina: Hoje estou como vice-diretora da regional Ceará. Ela é uma sociedade que visa dar um suporte ao professor do Ensino Fundamental e Médio e pesquisadores da área de Educação Matemática. Propomos muitas coisas para essa gestão, por exemplo: ampliar a filiação; tentar buscar o máximo de sócios filiados a SBEM-CE; queremos fortalecer os núcleos regionais Sobral e Limoeiro, por exemplo; criar uma sub-regional nas faculdades que têm o curso de Matemática; criar um site, ressalto que já começamos a construí-lo; criar um boletim que seria entregue aos sócios e aos alunos trimestralmente; realizar o Fórum de Licenciatura que, provavelmente, estaremos realizando no final deste ano; realizar a IV Jornada de Educação Matemática do Ceará que é um evento que alguns anos não acontece e queremos que no próximo ano este evento torne-se real.
G.E.Ma: Agora você está na vice-presidência da Sociedade Brasileira de Educação Matemática do Ceará (SBEM-CE), há alguma ação voltada para o curso de licenciatura da UECE? Quais os principais focos da gestão?
Carolina: Hoje estou como vice-diretora da regional Ceará. Ela é uma sociedade que visa dar um suporte ao professor do Ensino Fundamental e Médio e pesquisadores da área de Educação Matemática. Propomos muitas coisas para essa gestão, por exemplo: ampliar a filiação; tentar buscar o máximo de sócios filiados a SBEM-CE; queremos fortalecer os núcleos regionais Sobral e Limoeiro, por exemplo; criar uma sub-regional nas faculdades que têm o curso de Matemática; criar um site, ressalto que já começamos a construí-lo; criar um boletim que seria entregue aos sócios e aos alunos trimestralmente; realizar o Fórum de Licenciatura que, provavelmente, estaremos realizando no final deste ano; realizar a IV Jornada de Educação Matemática do Ceará que é um evento que alguns anos não acontece e queremos que no próximo ano este evento torne-se real.
Quanto ao que está voltado à licenciatura, como a sociedade visa muito essa questão da educação e do ensino, tudo que está voltado ao ensino de Matemática também recai na licenciatura em Matemática. Como na nossa gestão o diretor e o vice-diretor são professores da UECE, então é claro que tentaremos fazer o máximo para criar situações e eventos que melhorem a formação do aluno da UECE.
G.E.Ma: Você acredita que existe preconceito dos professores mais antigos quanto a Educação Matemática e disciplinas relacionadas?
Carolina: Preconceito acredito que existe ainda. Não creio que seja relacionado especificamente aos professores da UECE em si, antigos ou novos. O que acontece, é que existe uma cultura de que o bom professor de Matemática tem que saber do conteúdo de Matemática. E isso não é errado, realmente para você entrar em sala de aula você precisa saber do conteúdo, mas isso não é o essencial. Formamos professores de Matemática, então há necessidade, realmente, de saber o conteúdo, mas a forma de você transmitir o conteúdo também é importante. Então talvez esse preconceito deve ser devido a essa questão. Realizei um estudo nos últimos três anos com alguns alunos de Matemática, aqui da UECE, relacionado ao bom professor de Matemática. Em seis turmas foi aplicado um questionário perguntando quais as características que um bom professor de Matemática deveria ter para estar na sala de aula. Aproximadamente 70% dos alunos responderam que o professor deve saber do conteúdo de Matemática. Existem outros aspectos que o professor precisa também ter. Acredito que esse preconceito relacionado com a Educação Matemática e com a própria Matemática não é exclusivamente de professores mas, o próprio aluno da nossa universidade.
G.E.Ma: Na sua perspectiva, o curso de Licenciatura em Matemática, realmente oferece uma formação inicial consistente para futuros professores desta ciência? Quais os prós e contras?
Carolina: Na verdade, percebo que é agora que o nosso curso está "acordando" para muitas coisas. Percebo o descontentamento de alguns alunos relacionados ao curso. É um curso que não é antigo, é relativamente novo, se for voltado para licenciatura em Matemática mesmo. Falta contratação de professor de Matemática. Temos poucos professores no nosso departamento. Muitas vezes os professores ficam sobrecarregados com muitas disciplinas e acabam não tentando propor aos alunos outra opção de ensino, por exemplo: uma palestra, minicurso proposto, não só somente durante a Semana da Matemática, mas também durante o decorrer do ano. Tudo isso faz parte da formação. Nosso curso ainda tem muito a desenvolver. Acredito que essa questão do aluno-pesquisador reflete muito no curso. Mês passado nós enviamos trabalhos para um congresso internacional que aconteceu no Uruguai onde nove trabalhos foram aceitos e apresentados, destes nove, seis são da UECE, de alunos e professores. Foi mandado também um trabalho para o evento internacional de educação matemática que vai acontecer em Cancún, o trabalho também foi aprovado. Mandamos outro para uma revista nacional de História da Matemática, também foi aprovado e vai ser publicado no próximo mês. Isso faz que o curso de Matemática melhore. Agora basta que os professores estejam engajados e os próprios alunos também. Temos que ter o aluno querendo que o curso cresça assim como os professores e a coordenação.